Bebi o luar na tua boca
Bebi estrelas
Bebi a noite
E tudo nela refletida.
Meu Deus, embriaguei-me do infinito!
Bebi a vida.
Logo transpirava luz.
E a sede nunca sessa
Logo bebi os horizontes
E no alvorecer os montes
Todas as cores do dia.
Ai, meu Deus, bebi a harmonia.
Hoje tudo tenho
Tudo está em mim
E tudo me faz falta
_ sem ser ausência _
Tudo tornou-se eterno, vivo
E por consequência,
Ressurreição eterna
O céu habita em mim
_ E por consequência, o beijo _
Como num abismo sem fim.
O que fazer, meu Deus, de tanta vida a brotar dentro de mim?!
A tua ausência me aproximou-me tanto de mim!
Agora me sinto mais completo
E a falta que hoje sinto de ti nem é falta,
É necessidade de ter-me ainda mais perto.
Não devo querer ser mais do que sou
– se ainda não sei quem sou eu –
De repente já sou mais que suficiente;
Mais que bicho, quase anjo,
Um pouco gente.
Já que há consciência
Não quero pressa
Nem preciso mais paciência.
Sê eu me bastaria.
A beleza sem mim simplesmente não existe;
Pois sem meu olhar nada é colorido.
Nem mesmo a música faz-se alegre ou triste,
É sem sentido
Sem a crítica dos ouvidos.
Mas toda beleza do mundo cabe nos meus olhos
– e ainda sobra espaço para a imaginação –
Quer maior motivo para se viver?
Quer maior perfeição?
Talvez a melhor e única maneira de ser eterno seja compartilhar a vida.
Talvez,
Tudo de nós.
Talvez nada seja nosso, nem meu ou teu.
O dono da vida é o ar
Nada lhe resta
Se este lhe faltar.
Isso explica Deus ter-nos feito à tua própria imagem e semelhança e
ordenado a nós a própria multiplicação.
Deus é eterno, porque na Sua obra faz-Se eterna ressurreição.
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Será que tive pensamento ruim?
Insônia?
Alguma coisa espantou os pássaros.
Meus versos?
Silêncio.
Vazia está a manhã.
Talvez seja o momento, a deixa para a minha voz, penso.
Ouvir é uma forma de dizer o que a alma sente.
Erguei os ouvidos e ouça:
Há um breve silêncio para o romper da aurora.
Há sempre um escolhido para a primeira nota.
E quebra-se o silêncio.
Nasce o dia.
No brejo, o coaxar sessa
O grilo, enfim, silencia.
Mas cigarras e 🐝 abelhas reabrem a sinfonia.
Donada o bebezinho acorda
_ mamãe, papai, não se zangue, não é agonia _
Há beleza e mistério nesse choro,
é louvor inocente, é alegria.
São 👼 anjos em coro entoando louvores
A vida refaz-se em harmonia.
Pare e pense.
Por que os pássaros cantam?
O que dizem?
Veja com ouvidos.
Ouça:
Os versos murmurados pela fonte
A gota de orvalho se desprende
O raio de sol que desce
O botão de flor se abrindo
No brejo, o coaxar sessa
O grilo, enfim, silencia
Mas cigarras e 🐝 abelhas reabrem a sinfonia,
Porque os ruídos da vida são acordes de alegria.
Viva, cante, dance...
E seja grato por mais um dia.
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