Toda
tragédia, quando acontece de surpresa,
é
como uma máscara que cai e expõe o horror da realidade.
Quando
anunciada revela o valor predominante da humanidade.
Eis
o triste compêndio:
Na
madrugada da sexta-feira oito _ não era treze _ houve um incêndio.
Um
container de sonhos
Num
campo enorme, verde, imponente
Aonde
dia e noite a ave alçava voo, na cabeça
Nas
mãos e pernas de atletas inocentes.
Um
container de sonhos virou cinza.
Atletas
de ouro, crianças ainda,
Na
flor da idade, carbonizados.
Quanto
vale pra outrem a conquista da felicidade?
Ainda
dizem: “acidente, acaso”
O
descaso dos homicídios
Que
interromperam a mocidade.
Acaso
crianças são minérios do vale
Lavados,
lavrados, extraídos da terra,
Como
o pó da pedra, amontoados num trem
Pronto
para serem vendidos?
Lamentam,
decerto. Decerto que sim,
O
quê? Como? Por quê?
Pelo
contrato recusado;
Pela
moeda não convertida;
Será
Qual
perda realmente lamentam?
A
promessa, a vida
Ou
as condições da tragédia ocorrida?
No
ninho do urubu tinha luta, hoje tem luto.
Amanhã,
talvez tenha melhorias
E
outros colherão o fruto.