Catarse
Salutar
Doença e cura
Desejo e necessidade
Silêncio e literatura.
E vem com a podridão o doce perfume:
a nudez _dela _, fora de ordem;
Desordenadamente perfeita.
Linda
Fera
Santa
Impura.
E o meu gozo é divino;
O dela, o teu, orgulho.
Pensamentos
Inquietações...
E lá vem ela.
Ela vem.
Aceleradamente lento
Choro, rezo, canto…
Penso nela
Gosto dela
Amo ela
_ por isso penso _,
Como um beija-flor que sonda a janela,
não sabe português, não canta, não teme;
bate asas, paira, mira, voa
e enfia o bico no orifício nela.
E ela é ateia!?
Mas ela se põe de joelho.
E ela vem.
E beija-me… beija-me sorrindo
Provoca-me careta no espelho.
E de repente o dia, a vida, a dor, tudo é lindo… perfeito.
“O que é mesmo que eu queria fazer?!” penso.
Além de beijar na boca e apalpar os peitos?
Tudo.
Mas tudo é pouco pelo que ela já me tem feito.
Sou deus
Num instante
Um ai de dor e prazer
Sou ela em mim
E ela sem mim e sem ela
Perdidos em ósculos, apelos.
Depois…
Glândulas
Feridas
E olhos vermelhos.