Pra quê, pergunto eu,
diante da questão aberta.
O mundo
não muda.
O mundo é
feio de pessoas.
Pessoas
não mudam.
Nem mesmo
com o poder divino dado à pessoa santa ou pessoa certa.
Mudar é transfigurar-se
ou reconstituir-se.
Isso
talvez doa, pois depende de mudar primeiro a si mesmo,
Pessoa
por pessoa.
Mas não
se muda o mundo senão pela boa vontade de todas as pessoas.
Tentar entender o mundo,
por que?, bobo.
Apenas
leia-o.
Observe-o
e leia.
Leia-o
como se o fizesse a toa.
Desde que o mundo é
mundo se pensa no mundo.
E se
pensa no mundo somente porque o muno é mundo,
E porque
o homem é parte do mundo
E nem
todo mundo cabe no mundo
Porque
poucos são os que governam o mundo
Nenhuma
Maria nem José,
Muito
menos Raimundo.
O mundo pertence aos
piratas
E estes
vivem noutros mundo.
No inicio só existia o
vazio
E no
vazio silêncio
E do
silêncio nasce a consciência
E da
consciência a poesia
E a
poesia tornara-se luz
E esta em
sentimentos
Enfim
vida, amor.
Mas o homem sufoca a
tudo isso com o egoísmo.
Pela fé
ou pela ambição, da na mesma, o caminho é o do hedonismo. Sempre pelo prazer
carnal no corpo do fascismo.
O discurso pessimista de
um pensamento não cala o homem, mas também não se dá por questão fechada. O
pensamento impera por si mesmo se bem ou mal educado.
O homem sempre reluta
em achar saída no escuro quando a luz é apagada. Na dor é assim e também o é no
amor em pleno esplendor da sua alvorada. Entender pra quê? A vida segue alheia,
indiferente a questões pensadas.
Posso
entender a loucura de quem ama, mas não posso entender a obcessão dos egoístas.
Também,
por mais que eu tente, não consigo entender a indiferença por quem ama
manifesta por parte daquele que é amado.
Posso entender o
desespero por nada ter de tudo que se quer muito, mas não posso entender o obsessivo
desejo de ter aquilo que a outro pertence por direito.
A propósito, o amor que
alguém sente não é direito senti-lo por quem quer que seja? Ou amar é virtude e
também defeito?
O que do
que sinto me pertence? O que do amor é meu?
O que de
mim sou eu?
Eu entendo a mulher que
se atirou da janela.
_ o
marido era político? Não!?_,
Consciente
do que era, nada, atirou tudo ao chão.
Há muito
já estava morta a alma, apenas o corpo se espatifou no chão.
Também o
fez a mulher do crápula e a amante do santo.
Muitos
preferem o nada ser em meio a igual multidão.
Eu entendo o que se
entorpece de drogas.
Eu entendo
o que ri sem motivo de graça.
Eu
entendo o que ri da própria desgraça,
Eu
entendo o humorista,
O que passa
a vender flores,
O que
tenta cultivá-las;
Eu
entendo o palhaço.
O que, por
caridade, distribui abraços.
Eu
entendo o bêbado, não o boêmio.
Eu
entendo bem aquele que reclama da sorte
_
dependendo de como ele faz seu compêndio _,
Também
entendo àquele que diz que ter um amor é um grandioso prêmio. Entendo sua inocência
e falta de senso.
Entendo aquela que não
acredita mais no amor, não porque não acredita, porque sei que na verdade ela perdera
a esperança. Isso torna a conquista, para o amor de amanhã, num desafio maior.
O amor
não tem vida fácil, principalmente se desiludido foi a pessoa qual ele ama.
E que
graça teria viver o amor só descanso e cama?
Posso entendê-los a
todos, mas não me entendo nem perdoo se me flagro sendo igual. O que torna uma alma
especial é ela ser igualmente propensa aos erros e acertos das demais e,
contudo, resistir, mesmo que doa não trair a própria consciência.
Se Deus fez tudo do
nada e o deu de presente ao homem, por que o homem a tudo quer transformar em
nada e devolvê-lo a Deus novamente vazio? Ademais e, porém, vazio e estragado.
Posso
entender a tudo e a todos, sem exceção, menos o descaso.
Por isso
entendo a ira de um deus bondoso zangado.
Posso entender o
comportamento estranho de inércia física e a incessante luta mental no tudo
querer e tanto sonhar e nada ter.
Entendo até os que se
matam. Também os que se perdem na loucura e cometem crimes bárbaros. A vida é
bárbara quando não existe harmonia; quando não existe a troca de gentilezas e a
disposição para o abraço. Mas a vida também é bárbara, por excelência, pela
comunhão da amizade na luta por mais espaço.
Entendo a todos. Até aos
que não me entendem eu os entendo.
Só não
entendo o eu que a mim me desdenha e condena tão fraco.
Até mesmo
a fraqueza comum, a aparente inércia ou falta de atitude em prol do que sinto é
condenável, porque eu sei de cor como devo agir, entanto, me reprimo
acovardado.
Todavia, é natural que
assim me atenha diante da espantosa beleza que tem o frágil ser semelhante
amado.
E não
oferecer ao amor abrangente solicitude é pecado mortal; por isso me sinto
condenado à morte lenta do viver contemplando a vida sendo eu no amor imortal.
Beba da taça e deguste
o vinho sem refletir. É assim que se vive. Só assim se é feliz.
“Sorria!”
o anúncio diz.
O olhar
das câmeras ainda não distingue o movimento da alma sã de uma penada.
O dia é
de sol e penumbra.
No
trabalho, entre os dissabores do ofício alguns caprichos do amor. Palavras.
Rimos, sim, da desgraça
alheia. Ninguém é perfeito. Todos os dias, a toda hora, rimos. É que a
maturidade do homem acaba refletindo nos seus sentimentos. E quanto mais o
homem se perde ainda mais ele ri. O homem feliz, então, já se tornara alheio.
No amor também é assim,
navega-se ansioso, porém, seguimos inconscientemente tranquilos nas ondas
agitadas de um mar desconhecido. A pessoa amada peca por omissão.
Ela
saberá disso? Acho que sim. Ela entende das leis.
Tento ler os jornais.
A
previsão do tempo é instável.
Ignoro o
horóscopo, mas não o repudio.
Tudo
parece imprevisível.
Mas nota-se que tudo é
previsível dentro de toda a previsibilidade.
Os
holofotes se movimentam. As luzes caem sempre nos mesmos pontos obscuros, neutros,
sem transparência e má claridade.
A realidade
vivida é um ponto cego no tempo?
Sim,
responde um pensamento, apenas para satisfazer o ego.
O Brasil está em
protesto.
O mundo
está em protesto.
Pelo o
que protestam?
Cuba
protesta.
Pelo que
protestam?
Ai, meu
Deus, é muito protesto!
As formigas protestam.
As
abelhas estão em protesto.
As
borboletas da minha rua estão em protesto;
Os
pássaros também estão.
Os pombos, os beija-flores, as mariposas, as libélulas,
os mosquitos...
_ o Aedes
Aegypti não _,
Mas as joaninhas
desapareceram.
Os pardais
sumiram. Foram embora?
As
mulheres do meu tempo, as musas, se foram...
A todos eles eu
entendo;
A eles
sim, eu os perdoo.
O sentido
da nossa permanência não é o jardim, são as flores e frutos e o que deles está
por vir.
Tudo está
se acabando, por isso os entendo perdoo.
Mas ao
homem eu não o perdoo.
Enquanto observador eu
lerei as pessoas e ao mundo.
E quando
eu não for mais gente, humano, vingarei com a minha ausência de alma humana.
Todavia, ausência
não significa silêncio.
Do jardim que cultivamos
nada restará, nem flores nem espinhos.
De humano
talvez restem palavras.
Algumas palavras.
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