A ave alça voo, sobe bem alto, além dos penhascos e colinas.
As montanhas se aproximam, se agigantam, revelando sobre seu dorso o
cerrado, os montes, as nascentes, suas peculiaridades pouco conhecidas; exceto
pelas nuvens. Atenta, a ave move levemente a cabeça para um lado e outro
para não perder nenhum detalhe. Ela sabe, por instinto, que toda a
lembrança lhe será útil quando mudar a estação. E se entrega ao tempo.
E voa sibilando ao vento.
E canta a natureza, sempre na mesma poesia.
E gorjeando se reverencia; e em silêncio contempla o entardecer,
misterioso poente é o véu da noite a envolver o dia.
Ela decora
os caminhos, captura imagens, decora as paisagens: campos, vales, relva, as
árvores, frutos e flores, estuda a geografia.
Tão
deslumbrante lhe parece o mundo, os horizontes e a vasta paisagem.
Asas são
para voo, mas também existe magia e prazer ao fixar as garras no instante do
pouso e no fazer o ninho. E além!... Livre, ninguém está sozinho.
A ave
declina.
Tão vasta
e deslumbrante é a vida.
Num dado
instante, mãos invisíveis cuidadosamente vai afastar o véu. A ave presente.
Toda a natureza se manifesta num ritual de alegria.
Alguém orquestra
a alvorada. Quem vai conduzir a harmonia?
E de
repente dedos longos, luminosos, acorda o dia.
E as mãos
se transformam em luz, e a luz esparge energia.
Quão
generosa é a vida!...
Então, ave-alma levanta voo até o cair do dia.
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