Eu decidi
mudar e sofri muito com isso.
No primeiro
dia acordei mais cedo.
Rezei ainda
na cama, porque pensei que Deus merece exclusividade.
Tomei meu café
da manhã sentado à mesa.
Andei na
ponta dos pés até ao quarto das crianças e fiquei um tempo, ali, as admirando.
Sangue do
meu sangue...
Dei um beijo
na esposa e desejei a ela bom dia, embora a gente tivesse brigado.
Estava decidido
a mudar, então, dali por diante tudo deveria ser diferente.
Surpreendi
meu vizinho ao parar e cumprimentá-lo com um sorriso e um aperto de mão.
Sua esposa _
que acha que sou metido _, sorriu ao meu gesto cavalheiro.
O Rex, seu
vira-lata, não latiu, apenas abanou o rabo.
O gato branco
e preto, garboso, não desceu do muro.
O colibri
permaneceu com a língua comprida enfiada dentro da flor vermelha.
Percebi que
havia flores nesse jardim.
E se eu posso
oferecer flores, por que oferecer espinhos?
E se espinhos
forem necessários, que seja,
Que se vá
espinhos, mas sempre junto com flores.
Cheguei ao
trabalho distribuindo sorrisos e cumprimentos.
Utilizei
como nunca a ferramenta gentileza.
Elogiei o
trabalho dos meus companheiros
_ e os
elogios eram justos _
Agradeci-lhes
pela disponibilidade
E tive um
prazer que há muito não sentia ao cumprir meu ofício;
Tanto que,
no fim do dia nem sentia o costumeiro cansaço.
De volta pra
casa ainda estava disposto.
Brinquei com
as crianças;
Dialoguei com
a mulher e entendi a esposa,
Mas ainda
tinha dúvidas quanto a quem era quem naquele momento.
E vi que
embora ainda nos amássemos, meu coração já pertencia à outra.
Mas isso eu
não admiti, a covardia comum aos homens ainda prevalecia.
Ninguém
muda, assim completamente, em apenas um dia.
Falei com
Deus antes de dormir e tive bons sonhos.
E Deus me
mostrou que em nada eu havia mudado
Mas que,
sim, eu estava voltando ao que devia ser;
O que era
antes.
No dia
seguinte eu daria um passo importante:
Arriscaria
andar do outro lado da rua.
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