Numa noite dessas acordei com sede, a garganta seca, fui até a cozinha,
peguei um copo de vidro transparente e o enche até a borda com o precioso
líquido cristalino _ água potável...
Nessa hora pensei algo profundo _ às vezes sofro de filosofia. Eu não
queria água, apenas água; eu tinha sede, muito sede, uma sede enorme de algo
incomum. Sede do desconhecido que há muito é sabido. Sabe, uma sede que tira o
sono.
Mas eu não sabia do que era. Eu não fazia a mínima ideia do que me
provocara tanta sede.
Eu tinha muita sede.
Fui até a geladeira e me deparei com algo que me chamou a atenção. Vi
no cantinho, bem lá no fundo, um champanhe que sobrara do réveillon. Ficara
esquecida ali há muito tempo. Há exatamente doze meses foi a última vez que eu
lhe dera atenção. Estava suada. Parecia triste. E, ao nos encararmos, tive a
impressão de que ela se alegrava com a minha humilde presença. Sensibilizei-me,
claro!
Enfim, depois de muito, muito tempo, eu
despertava alguma reação com o meu calor humano. E por que não, prazer?
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