Tinha os olhos ardendo de amor, o coração palpitante, e no riso
meigo percebia-se nítida ansiedade. As mãos úmidas, inquietas, ora ajeitava os
cabelos, ora acariciava a si mesma, enquanto mordia de leve os lábios, tendo o
olhar parado em algum ponto em mim.
Impossível imaginar o que pensavas. Contudo, bem sei que lançavas
uma onda poderosa, energizante, que fazia meu corpo inteiro arrepiar-se
estremecido pela impetuosidade do mistério que, me atraindo, me arrastava para
juntinho de ti.
Tentei resisti.
Sabia, porém, da minha fraqueza e da incapacidade de ir contra as
ordens do coração; pois quando meu olhar confronta-se com os teus olhos,
sempre, minha alma mergulha para dentro de ti, deixando apenas um pouco da
consciência do que sou em mim, para que eu não esqueça que pertenço a ti, e que
toda essência da minha alma só não me abandona para unificar-se definitivamente
e eternamente na tua alma, para que não ocorra de o mundo envelhecer e se acabar
sem que todos saibam o que é amor. Como os poetas filosofar-se-iam? Senão o
amor, igual ao nosso _ chamas flamejantes_ o que mais inspiraria lirismo à voz
da paixão? Entende o que eu digo?
Separados somos autênticos e as chamas do nosso desejo jamais se
apagarão.
Que saudade! Tínhamos os olhos ardendo de amor e os caminhos inversos.
Trecho do livro: "Um minuto, por favor!"
Um poema interessante
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