Poetray
Sinto-me meio zonzo esta manhã. Acho que são os efeitos das
notícias; todas as manchetes dos jornais televisivos hoje são desanimadoras e
intragáveis. Não as citarei, pois são corriqueiras; exceto a vitória do Brasil
sobre a França. Um placar expressivo.
Meu café da manhã tem sabor de chocolate, embora seja muito
amargo o valor. O leite, o pão, o achocolatado dão à vida um belo sabor. Mas
falta sucrílhos _ a marca que a criançada adora _, porque custam os olhos da
cara. Queijo e frutas na mesa, nem se fala, já se tornou coisa rara.
Eu brinco com a colherzinha enquanto misturo o pó ao leite
e penso na economia. O barulho irrita a mulher. E não, eu não sou economista
nem tenho economias; o contrário é o que é.
A cabeça dói. Falta-me estômago para as injustiças. Ainda não
inventaram “Engov” para alterar certa natureza psíquica.
Eu pago impostos sobre tudo que consumo. Pago pela
escravidão, produtos e insumos. Eu pago para ser brasileiro. Pago pelo que fui
e o que somos...
Chego à janela porque ouço cantar o bem-te-vi. “Cerração
baixa, sol que racha”, o dia mostra a face de luz. Eu calço o tênis, me benzo,
tranco a porta e caminho para a cruz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário